Por Marcelo Cardoso
Minhas formações em Sistemas de Informação, Business Intelligence e Inteligência Artificial sempre me levaram a oportunidades profissionais técnicas, programações nas mais diversas linguagens, códigos, tabelas, relacionamentos etc. Esses são termos comuns dentro da área de formação que escolhi.
Até que em um dia de trabalho normal, recebi um direct através do LinkedIn para uma oportunidade de serviço em um departamento jurídico.
Meu primeiro questionamento à pessoa que me abordou foi: Mas, eu não sou um advogado.
Fui surpreendido com uma proposta diferente: usar meus conhecimentos em dados e análises. Através das minhas habilidades ajudei um departamento jurídico de uma grande empresa de e-commerce a entender sua carteira, estruturar os dados, suportar a tomada inteligente de decisões, e principalmente a ser vista como uma unidade de negócio, e não apenas um centro de custo.
Em um primeiro momento pensei: será fácil! … coleto os dados, crio gráficos, transfiro para um powerpoint e pronto. Sucesso!
Quem me dera ser algo tão fácil quanto pensei… sabemos que o mapa é diferente do terreno, e a minha ideia de trabalho teve que dar muitos passos para trás.
Informações sem padrão, duplicidade de conceitos para um mesmo tema, falta de KPIs (Indicador-chave de desempenho), KPIs em desalinhamento com a estratégia da empresa… um verdadeiro filme de terror para um profissional de dados.
Peguei-me pensando novamente… “acho que fiz a escolha errada… acho que escolheram a pessoa errada”. Em alguns momentos sentia-me um impostor.
Tenho comigo que tudo pode ser encarado como oportunidade, então assim comecei aos poucos a “arrumar a casa”. Se temos campos sem padrão, teremos que padronizar, barramos o erro logo na entrada atuando com edições e melhorias nos sistemas de cadastro. Para a duplicidade de conceitos, agendamos inúmeras reuniões com todos os envolvidos para definir um conceito comum. Não foi fácil, mas rompemos essa barreira.
No entanto, por mais que os processos avançassem, eu ainda, eu ainda me sentia um estranho no ninho.
Então escutei pela primeira vez sobre o conceito de LEGAL OPERATIONS. A empresa teve como iniciativa a criação de uma área de Legal Operations Latam, que foi fundado nas 12 competências CLOC e com diferentes skills/ formações. Nesta hora pensei: “me encontrei!” Assumi a área de analytics dando forma e demonstrando KPIs de forma clara e visual aos subdepartamentos.
Três anos após essa criação posso ver que fiz a melhor escolha profissional da minha carreira. Estamos divididos em pequenos times dentro de Legales atuando em sub times, temos um time de projetos, processos, finanças e dados.
Encontrei mais pessoas como eu, ou seja, que não são advogados e estão se aventurando nessa jornada. Entendi que a diversidade é uma grande vantagem competitiva, principalmente no departamento de Legal Operations.
A comunicação entre o advogado e o não advogado é para mim a chave do sucesso, são duas formações distintas, duas formas de pensar; porém com um mesmo objetivo, e atuando em parceria tendem a criar outputs disruptivos e funcionais.
Consegui aumentar minha capacidade de pensar em projetos direcionados ao universo Legales, como podemos usar RPA para automatizar tarefas repetitivas, padronizadas e que desprendem de muito tempo, isso para que possamos nos dedicar ao que realmente muda o cenário.
Abrace a diversidade em seu time e trabalhe sempre com foco no direcionamento da companhia.