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Os Pilares do Design Thinking concriando soluções

 

Por João Paulo Anderson

 

Olá! Se você está chegando aqui pela primeira vez, devo alertar que esta coluna faz parte de uma série de artigos anteriores que venho escrevendo sobre o Design, o Design Thinking e o uso desta metodologia dentro do ambiente jurídico. Especificamente este texto é a segunda parte de uma trilogia que envolve os três pilares do Design Thinking (DT). Nesta série de três artigos apresento os pilares e algumas ferramentas para colocá-los em prática. Aqui, nosso tema é a etapa posterior às primeiras impressões da observação: a criação da inovação a partir da coparticipação.

Sociedade em Redes

Para pensar em processos de inovação é preciso antes de tudo chamar a atenção para uma questão um pouco teórica. Vivemos, com a ajuda das tecnologias da informação, uma transformação paradigmática. A ideia de sociedade em redes deve ser vista pelos gestores não apenas a partir das redes de comunicação proporcionadas pela TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação). Junto à internet, ressurge uma maneira de pensar que se diferencia do pensamento da modernidade e das demais Revoluções Tecnológicas.

Alguns autores afirmam que a sociedade das revoluções tecnológicas anteriores à revolução atual – das TICs – tinham o mecanicismo e os seus sistemas como paradigma. Por exemplo, o organograma das empresas e do Estado estão baseados na ideia de um centro de comando (um cérebro) que é o responsável pelo funcionamento do resto do corpo e dos órgãos. Lembra-se das aulas de Teoria Política da Faculdade de Direito, onde o Thomas Hobbes dizia que o Estado era como um Leviatã, um monstro com cérebro, músculos e órgãos?

Quando falamos de tecnologias da informação é importante ter em mente que elas levam e são levadas por uma ideia muito maior do que uma mudança de paradigma apenas tecnológico. A sociedade em redes deve referir-se à mudança de paradigmas sociais e topológicos; e por que não, de gerações?  Por isso, Manuel Castells (1999) defende que antes das redes serem um modelo de comunicação entre computadores, elas são o modelo topológico que acaba sendo transferido para as empresas e para o setor público. Desse modo, para Roberto Armando Ramos de Aguiar, professor de Direito na Universidade Nacional de Brasília (UNB), a sociedade em redes não dá legitimidade para instituições que atuam na forma de pirâmide ou de hierarquia, em organização vertical, como o Direito.

 

Horizontalidade e Transdisciplinariedade

Tim Brown, talvez o fundador do conceito de DT (Design Thinking), escreveu que “a internet (…) é mais o modelo do que o meio das novas formas de organização (…). Por ser de código aberto e ilimitada (…) permite que a energia de muitas pequenas equipes seja reunida para solucionar o mesmo problema”.

Assim, a etapa de cocriação deve ter em mente dois tipos de interação: 1) interação entre criadores e usuários – a criação de soluções é melhor quando há possibilidade da participação dos usuários de um serviço ou produtos no processo de criação ou melhoria; 2) interação entre profissionais de diversas áreas da empresa – quanto mais multidisciplinar for a busca das soluções, mais rico será o processo de inovação.

Este modelo de criação, em redes e horizontalidade, é o que faz com que uma inovação seja aceita e gere fidelidade às propostas. Como afirma Michel Callon (2013), “a inovação é um processo coletivo. Ninguém conhece o fim da viagem. Não sabemos aonde vamos, mas vamos todos juntos: esta é a beleza da inovação. O mundo novo resulta de um empreendimento coletivo feito de vontades e interesses individuais que negociam e, gradualmente, constroem uma casa comum”.

 

Ferramentas de Cocriação

Assim, a segunda etapa do DT (Design Thinking) requer uma mudança no pensamento centralizador de quem deseja inovar. Qualquer inovação que se queira implementar envolve a participação dos usuários, bem como a busca por uma equipe multidisciplinar, com bagagens culturais diferentes e modo diversificado na observação dos fenômenos.

Mas, como fazer isso? Apresento duas ferramentas para colocar em prática este pilar do DT. Claro que a intenção não chega, nem de perto, a esgotar o tema.

1) Sessões de Brainstorming

Uma sessão de brainstorming significa, traduzindo para o português, “chuva de ideias”. Assim, o método é literalmente separar um monte de post-it para cada um dos participantes (lembre-se, pode ser diretores, criadores, advogados, estagiários, clientes, familiares dos advogados – quanto mais gente e com formações e ideias diferentes, melhor) e eles vão colando as ideias que vêm à mente sobre soluções possíveis para alguma coisa.

Nesta etapa é essencial não ter qualquer preconceito com as ideias. Quanto mais a cabeça e o coração das pessoas estiverem abertos, melhor será o processo de chuva de ideias. As ideias não têm amarras. Deixe para eliminar ideias apenas num segundo ou terceiro momento. Deixe que os participantes do processo sejam livres para sonhar e até mesmo pensar coisas que pareçam absurdas.

2) MESCRAI

Esta ferramenta pode ser usada após o brainstorming. É uma sigla que significa:

  1. Modifique – como o grupo ou você poderia modificar uma ideia para ela gerar mais valor?
  2. Elimine – quais ideias geradas podem ser eliminadas ou mescladas com outras parecidas? Agora é hora de selecionar as ideias!
  3. Substitua – com quais materiais ou ferramentas você poderia substituir uma ideia apresentada?
  4. Combine – combine ideias apresentadas criando outra ideia.
  5. Rearranje e Adapte as ideias e os serviços.
  6. Inverta – como algumas premissas da ideia apresentada podem ser invertidas, criando alguma solução que se afaste das amarras da tradição?

 

Referências Bibliográficas

 AGUIAR, Roberto A R. de. Alteridade e rede no direito, 2017.

BROWN, Tim. Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias, 2017.

CALLON, Michel. Por uma nova abordagem da ciência, da inovação e do mercado. O papel das redes sociotécnicas. 2013.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede, 1999.

 

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