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Jurimetria e data driven: analisando a base de dados jurídicos

 Por Allana Martins Vasconcelos Valsechi

 

Estamos na era dos dados, onde constantemente produzimos informações por meio do acesso digital. As empresas precisam organizar esses dados de forma analítica e objetiva. O setor jurídico tem sido cada vez mais provocado a apresentar resultados para agregar valor ao negócio. É a partir dessa necessidade que a área de legal operations ganhou destaque entre departamentos jurídicos e escritórios.

 

No entanto, para que a jornada dos dados seja embasada para a tomada de decisão, efetivamente rumo à cultura data driven, é primordial que a base de dados como fonte esteja estruturada, organizada e alinhada com os objetivos, as perguntas e os indicadores que o setor irá demonstrar.

 

Uma das grandes ferramentas utilizadas nessa construção é a jurimetria (estatística aplicada ao Direito), pois por meio das análises dos dados, além de visões volumétricas, descritivas e diagnósticas, também é possível fazer predições pelos parâmetros e tendências que os dados estão apontando.

 

Podemos dividir a jurimetria em big data (conjunto de dados globais sem a vinculação de parâmetros customizados) e small data (conjunto de dados mais direcionados para análises individualizadas de bases). Por exemplo: você como operador do Direito pode ter a curiosidade/necessidade de obter os resultados de decisões sobre um determinado pedido/objeto em uma UF/comarca para fins de prospecção de clientes, relatórios comparativos. Neste momento, será aplicada a ferramenta de pesquisa mais ampla (big). Mas você também pode ter a necessidade/objetivo de obter os resultados de decisões sobre um determinado objeto/pedido em uma UF/comarca analisando a sua base processual interna para entendimento de indicadores como: ações em andamento e encerradas, decisões favoráveis e desfavoráveis, redimensionamento de teses, avaliação dos escritórios e colaboradores envolvidos nessas ações. Neste ponto, será aplicada a ferramenta de pesquisa específica ao seu negócio (small).

 

Ambas as fontes podem ser complementadas entre si, pois a depender do escopo da análise os parâmetros de dados internos e externos serão agregados entre os já mapeados e novos não estruturados, mas que farão sentido nas análises. Por isso a importância dos critérios de finalidade e adequação de cada demanda, como o objetivo a ser priorizado e o saneamento como apoio na organização das fontes. Por exemplo: na análise small mencionada anteriormente podem ser coletados dados como: nome dos juízes, abertura do período entre o ajuizamento do processo, principais andamentos e encerramento da ação, causa raiz e desdobramento dos fundamentos das decisões; ainda assim analisaremos a própria base, porém com dados adicionais que fazem sentido para os insights mapeados.

 

Todo projeto de dados é iniciado por essa dinâmica de bases e fontes com as respostas de perguntas que vão se formando no projeto até a entrega dos dashboards, reports e relatórios que pautarão as decisões do negócio. Os alinhamentos são refinados no decorrer de modulação de bases e testagem dos desenvolvimentos aplicados. Todo projeto data driven começa com a provocação de mudança do status quo e mentalidade de melhorias contínuas.

 

Mais do que ter dados, a sua construção deve estar conectada com os objetivos e com as aplicabilidades práticas do jurídico. Os dados por si só não vão indicar se é melhor fazer acordos ou pagar a condenação, nem porque uma ação é ganha e outra na mesma comarca não é favorável; nem sobre as diretrizes de um setor terem sido acolhidas em um caso e em outro não. Devido esses aspectos, é importante o desenvolvimento das habilidades analíticas para que as diretrizes sejam pautadas em vinculações concretas de resoluções.

 

A jornada data driven acontece na junção de entendimento do projeto, alinhamentos das etapas, organização dos dados, regras do negócio, layout e design, perguntas e respostas, testes, validação, entrega e melhorias contínuas. A pura essência da eficiência em um combo de soluções! Nessas etapas é crucial a gestão dos recursos (tempo e financeiro), prestadores e gestão interna. Sem o regular acompanhamento dos times e demandas, essa construção fica prejudicada, pois ter atenção e foco em cada passo fará a diferença na construção conjunta dos dados.

 

“Tenha um momento de reflexão todos os dias e faça as perguntas certas.” Esse conselho de Aristóteles se aplica para os dados e para a vida. Que sejamos bons em fazer perguntas, mas sempre sabendo onde buscar e encontrar as respostas.

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