Por Daniella Alves
O líder tem o papel de guiar, inspirar, motivar e influenciar as pessoas para o alcance de um objetivo comum.
Diversas são as publicações e estudos sobre como inspirar times a alcançar o sucesso e fórmulas de como fazê-lo. Há quem diga que o líder deve impor e cobrar ou que deve inspirar e delegar. O líder deve atentar-se à formação do time e de que modo seus integrantes reagem aos estímulos.
De todo modo, liderar é uma habilidade e o indivíduo pode ou não ter facilidade e vontade para desenvolvê-la.
Há pessoas que realmente possuem um perfil apto ao exercício da liderança, mas sem o treinamento, o estudo e o esforço pessoal, esse “talento” é desperdiçado.
Você já deve ter escutado que certa pessoa é um(a) líder nato(a), ou seja, que a liderança faz parte da característica comportamental daquele indivíduo. Mas essa afirmação dá a falsa ideia de que para liderar uma equipe é necessário apenas nascer apto.
Ao líder não cabe unicamente o dom de influenciar pessoas; o líder precisa apresentar características que o levem juntamente com sua equipe ao objetivo proposto.
Consideraremos neste texto os aspectos de liderança no ambiente organizacional jurídico, ou seja, em escritórios de advocacia ou departamentos jurídicos de empresas.
O advogado estudou durante cinco anos em uma faculdade para exercer tecnicamente a sua função, peticionando, conduzindo processos, escrevendo teses e pareceres jurídicos; entretanto, não foi formado para liderar uma equipe e é sobre isso que esse artigo tratará.
Normalmente o profissional que se destaca no desempenho de sua função, tecnicamente falando, é promovido a gestor de equipe.
A intenção dos responsáveis pela promoção é que este profissional, tão bom em sua área de atuação multiplique o talento liderando uma equipe, entendendo-se que ele pode repassar o conhecimento aos membros da sua equipe, tornando-os igualmente eficientes.
A realidade é que às vezes o profissional não está apto a liderar, uma vez que não sabe trabalhar a gestão de pessoas. Ao invés de conseguir um multiplicador de talento, a organização tem a anulação de seu melhor profissional.
Assim, compreendemos que o líder deve ter a real dimensão da responsabilidade que está assumindo para aceitá-la. A promoção a um cargo de liderança não deve ser a única alternativa de crescimento dentro da empresa. O reconhecimento do especialista técnico é uma opção para manter os colaboradores motivados, sem lhes impor uma função não adequada ao perfil e com a qual não é incentivado ao crescimento.
Um bom líder deve necessariamente aceitar a responsabilidade e aperfeiçoar-se continuamente; deve inspirar sua equipe, trabalhar em conjunto e traduzir os objetivos buscados pelo escritório ou departamento jurídico.
É essencial que o líder transmita à equipe o objetivo buscado. Além de fazer o planejamento estratégico para a ação, atribuindo prazos, metas e responsabilidades a fim de que cada membro do time entenda sua importância e responsabilidade no projeto.
Sem um direcionamento, é possível que, mesmo uma equipe composta por grandes talentos, limite-se a aplicar ao seu trabalho o que aprendeu nos cursos de Direito o que, atualmente, não é suficiente.
E assim, temos entre as competências necessárias a um líder as seguintes:
- Orientação – levar aos liderados a oportunidade de sugerir estratégias, assumir responsabilidades e tomar decisões;
- Coaching – preparar os liderados para atuar de forma mais eficiente;
- Mentoring – inspirar e desenvolver os liderados em suas carreiras profissionais;
- Sensibilidade – ouvir atentamente os liderados, aguçar a intuição para percepção de pontos de atenção;
- Avaliação e feedback – avaliar a si mesmo e aos liderados e dar feedbacks construtivos, orientando o desenvolvimento e pontos de melhorias;
- Integração – integrar-se à equipe, participando do trabalho e demonstrando também bom humor, leveza e empatia;
- Visão global – percepção de si mesmo, da equipe, da organização e da situação geral em que se enquadram.
O Gestor Jurídico deve deter ainda os seguintes conhecimentos específicos:
- Visão estratégica / visão de negócio;
- Conhecimento técnico na área do Direito em que atua;
- Capacidade / agilidade para solução de problemas;
- Treinamento / desenvolvimento de equipe;
- Humildade;
- Direcionamento para resultados;
- Inteligência emocional;
- Habilidades interpessoais.
Ao gestor jurídico não basta conhecer a lei e a melhor aplicação ao caso específico, é preciso ter a visão geral da carteira conduzida, da vontade dos clientes, da produtividade e capacidade dos liderados, dos custos da operação, dos resultados almejados, resumindo: uma visão ampla de negócios.
Dessa forma, o gestor jurídico tem que ser um profissional atento às novas tendências.
Não basta conhecer o texto e a aplicabilidade da lei, mas conjugar esse conhecimento com noções estratégicas e de planejamento, finanças, auditoria e tecnologia.
Nesse contexto, é importante traçar o perfil de cada cliente ou da empresa em que atua, criando uma identidade de objetivos:
Qual o interesse que devo alcançar? Qual é o interesse real do meu cliente? Trata-se de um processo específico? Uma carteira? Manter as demandas nos tribunais na defesa de um bom precedente ou diminuir o custo com acordos rápidos? Consultoria preventiva? Como atuar com excelência em demandas repetitivas?
Para cada novo cliente um novo objetivo será traçado no planejamento mais eficiente para o fim almejado. O bom gestor jurídico deve ter a sensibilidade para adequar cada tarefa ao liderado mais competente a realizá-la, acompanhando os prazos e as metas, e aplicando as ações corretivas necessárias ao atingimento dos resultados exigidos.
Portanto, neste artigo é possível perceber que a habilidade de liderança jurídica pode ser treinada, com dedicação, vontade e comprometimento. A arte de liderar tem relação direta com o relacionamento entre pessoas e o comprometimento em inspirá-las a atingir as metas estabelecidas e, além disso, ao líder jurídico cabe atuar fortemente para estreitar o relacionamento com os clientes da organização, identificando e entendendo suas dores e objetivos.
Ser líder é doar-se à equipe de modo a levá-la ao sucesso: apoiando, descobrindo talentos e potencializando-os. É fazer voar!
Quer saber mais dicas valiosas sobre Liderança Jurídica? Acompanhe nossa colunista e descubra outros insights exclusivos em sua página pessoal: www.daniellealvesgl.com.br.