Por Bruna Nesello
Indiscutivelmente, nos escritórios de advocacia ou em qualquer outro negócio a gestão financeira precisa estar sadia para a continuidade dos trabalhos.
Na qualidade de um dos pilares da gestão legal, o financeiro é um grande desafio para os profissionais uma vez que nada em relação às finanças é ensinado nos bancos da faculdade.
A realidade é que, em muitos escritórios, é um dos próprios advogados da banca quem acaba assumindo as responsabilidades do setor financeiro, o que exige conhecimento pormenorizado para que, literalmente, a conta feche ao final do mês.
Não são raras as vezes em que o gestor tem a sensação de que trabalhou demais e não consegue ser remunerado como deveria ou que até teve uma receita elevada, porém, não identificou o destino do dinheiro.
Para uma melhor visualização deste pilar dentro das organizações, a gestão financeira pode ser fracionada em duas vertentes.
A primeira vertente é a organização, o planejamento e a execução do controle de entrada e saída de todas as movimentações financeiras da banca, requisitos básicos dentro de qualquer setor que envolve dinheiro.
A separação das contas da Pessoa Jurídica com Pessoa Física é necessária e primordial para iniciarmos esse assunto.
Alinhar todas os custos e despesas deve ser prioridade de igual forma. Lembrando que custo são todos os gastos ligados à atividade fim, e aqui, entraria o salário dos advogados e estagiários, por exemplo, ao passo que as despesas são os gastos fundamentais para a manutenção da atividade fim, como aluguel, energia, materiais do escritório, segurança, impostos, custas processuais etc.
Atividades como controle de despesa e sua recuperação, certificação de faturamento e recebimento dos honorários, controle de contas a pagar, orçamentos e caixa diário, acompanhamento da contabilidade, captação e realocação de recursos, análise financeira, controle do fluxo de caixa e da inadimplência, dentre tantas outras funções são primordiais dentro do setor e devem ser desempenhadas diariamente.
Por fim, mas não menos importante, determinar um pró-labore para cada um dos sócios garante a saúde financeira do seu escritório. Essa definição antecipada evita descontroles no caixa e eventual necessidade de reposição.
Descrita a primeira vertente que, por si só, já pode trazer benefícios para um setor financeiro, passamos a descrever sobre a segunda vertente para uma gestão financeira de qualidade. Trata-se da precificação dos honorários advocatícios, que nada mais é do que cobrar assertivamente pelo trabalho que será realizado.
Com o crescimento da concorrência, é fundamental que os escritórios busquem meios alternativos para se diferenciar perante o cliente e tornar o seu serviço único. Investir em um bom comercial dentro do escritório e qualificá-lo irá refletir positivamente na captação de novos contratos.
Ademais, saber formular uma boa proposta de honorários também é um passo importante para garantir a aprovação do cliente. Foque no valor da sua entrega e de como você fará a diferença no negócio do seu cliente.
Além disso, a formação correta de preço é importante para a sobrevivência de qualquer negócio, independentemente do seu ramo ou tamanho. Sendo assim, antes de repassar qualquer proposta aos clientes tenha bem definido os elementos que formam a sua base, referentes ao valor de mão de obra, à incidência de imposto e margem de lucro que será aplicada.
A precificação pode ser por hora, por mês, por ano ou por ação; o importante é que no valor repassado tenham sido agregadas informações intrínsecas da precificação, como, a complexidade do caso, o ciclo operacional médio, os reajustes e a efetiva margem de lucro. Afinal, já dizia o pensador Kotlher, “lucro é subproduto das coisas bem feitas.”
Certamente, essas pequenas observações darão início a uma significativa mudança de paradigma para uma boa gestão financeira do seu negócio.