Por Juliana Chinem
É o sonho de todo advogado: falar bem em público. Mesmo aquele jovem que acabou de receber a carteira da OAB, ele já pensa em como buscar exposição de uma forma importante, dizer algo de forma original, finalizar o discurso com algum chamado inspirador. E, por que não?! Desde o início da carreira, espera-se receber aplausos e muitos likes.
Na vida real, a oratória ainda é um problema para muitas pessoas, seja pelo próprio medo de falar em público, ou ainda pelo medo das críticas ou de comentários de haters na internet.
E esse medo não escolhe idade ou tempo de experiência. Como instrutora da OAB/SP, assisti colegas jovens, recém-graduados, buscando melhorar suas habilidades, mas eles também dividiam espaço no auditório com advogados que acumulavam mais de três décadas de profissão e ainda sentiam o chamado do estudo para falar melhor em diferentes situações, inclusive em sustentações orais junto aos Tribunais.
Em comum, acredito que todos queriam atender ao desejo de seus clientes. Afinal, é comum o advogado lidar com a expectativa de seu cliente, que espera que seu advogado fale durante a audiência. Ou, no caso de um julgamento importante, o próprio profissional cobra de si se deveria ou não pedir para sustentar oralmente, porque tal atitude talvez poderia fazer uma diferença naquele processo. Não podemos nos esquecer daquelas oportunidades em que o advogado é chamado a fazer um pequeno discurso em grupo, independente dele dominar ou não o tema da conversa.
Tomando coragem, quando começam a falar, alguns advogados narram que várias imagens começam a voar pela sua mente como um vendaval, sendo um desafio manter a mente e a fala conectadas, sem que pareça uma grande confusão ou que o discurso fique fragmentado. Pior ainda quando alguém pede a palavra e interrompe o discurso para tirar uma dúvida.
Com esses desafios, há um grande desejo de melhorar a oratória dos profissionais que atuam na área jurídica. Falar em público não é somente um dom. Há pessoas que nasceram com mais habilidade, é fato. Mas quem tem vontade de aprender e está disposto a se empenhar, pode treinar e potencializar muito a sua habilidade de comunicação.
Na época das Oficinas de Oratória da OAB/SP, fiz uma lista de 100 técnicas simples e objetivas, que ajudam a organizar o discurso e a formatar uma boa apresentação em público. Esse material virou um livro caixinha pela Editora Matrix já em segunda edição, tal o interesse do pessoal pelo assunto.
Em treinamentos, desenvolvi outros métodos de preparo e ensinei aos alunos várias formas autênticas de dizer o que pensa e defende, sempre trazendo resultados significativos no relacionamento com os clientes e com a própria comunidade jurídica. Alguns passaram a se posicionar melhor digitalmente, outros ganharam promoção no escritório ou departamento jurídico que atuavam, mas sempre levo com muita alegria aqueles que chegaram a palestrantes e autores de livros renomados.
Aliás, também há técnicas que são específicas para o mundo digital, pois bons oradores podem atrair a atenção de um número inimaginável de pessoas pela internet, mesmo sem subir em um palco. Hoje em dia, usando as mídias sociais ou podcasts, qualquer um de nós pode falar rapidamente para duas dúzias ou duas mil pessoas.
Para se posicionar bem e expor de maneira clara o que você guardou para aquele momento, aprenda a planejar. Organize as suas ideias, faça um rascunho no papel, monte um grande quadro com tudo que você poderia dizer. Busque montar um “mapa mental”, sistema em diagrama que ajuda a fazer uma gestão de informações e capital intelectual. Com esse material disponível, chame um amigo ou colega para compartilhar as informações, fazendo um grande e vibrante brainstorming. Achou que falta material? Vale buscar na internet, fazer pesquisa pelo ChatGPT e assistir aos vídeos de conteúdo relacionado, buscando referências de apresentação do material.
Essa proposta de levantamento de ideias e associações é o primeiro passo para preparar uma boa apresentação. Nos próximos artigos, vamos falar sobre a organização desse material e definição da apresentação desse conteúdo – afinal, uma boa apresentação não tem excesso ou falta, ela é enxuta, objetiva e criativa.
Para saber mais, acompanhe nossos artigos na coluna do Advogados Gestores e saiba como desenvolver suas habilidades de oratória.
Juliana Chinem é Advogada e Escritora. Sócia de Bernardi & Schnapp Advogados e Mediadora certificada pela ESA OAB/SP, é autora do livro “Coaching de Oratória” pela Ed. Matrix e coautora do livro “Manual de Coaching para Advogados” pela OAB/ESA São Paulo, dentre outras obras. Ex-coordenadora de Oratória e Comunicação da Comissão Especial de Empreendedorismo Legal da OAB/SP, também foi Diretora Adjunta da Comissão de Gestão de Escritórios de Advocacia da OAB Jabaquara.