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Kaizen – uma mentalidade de melhoria contínua na gestão

 

Por Luís Gustavo Potrick Duarte

Pós-graduado em Direito Público

Pós-Graduado em Gestão de Negócios, com Foco em Competências Comportamentais

Professor parceiro, na Future Law

Gerente de Operações Legais, na INFRAERO

gustavopotrick@gmail.com

 

 

A cultura japonesa é caracterizada por ter uma mentalidade de crescimento e aprendizado, ao mesmo tempo que valoriza a resiliência, a persistência e a temperança.

Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão se viu derrotado, arrasado economicamente, moralmente e socialmente. Os norte-americanos – os quais ocuparam o Japão após o término da guerra – sabiam da necessidade de um rápido e eficiente processo de modernização econômica, sem desconsiderar as peculiaridades e os fatores da cultura japonesa já citados, para evitar qualquer possibilidade de ressurgimento de antigos sentimentos nacionalistas bélicos: era preciso uma nova era Meiji, com alinhamento do Japão ao capitalismo norte-americano.

O problema é que, como um país derrotado, o Japão se via endividado, com escassez e dificuldade em adquirir recursos naturais básicos, necessários à retomada de sua urgente reindustrialização e crescimento econômico. Como a cultura japonesa traz uma mentalidade de superação e inovação, com hábitos voltados à persistência e resiliência, essas dificuldades fizeram emergir uma filosofia de gestão empresarial que trabalhava com a escassez, combatendo o desperdício e focando, sempre, numa melhoria contínua, de forma a cada vez produzir mais e melhor, com menos.

Nesse contexto surge o termo Kaizen, que em japonês significa melhoria ou mudança para melhor. Para os japoneses, qualquer processo, desenvolvimento, pode ser melhorado e deve ser melhorado todos os dias. Ou seja: além de pregar o esforço e a criatividade em prol da melhoria, essa filosofia adota a obrigação, a necessidade da melhoria.

Dentro da ideia de resiliência, temperança e persistência, o ato de melhoria não deve ser visto como algo grandioso e desgastante, mas como algo contínuo e gradual. Não se trata, necessariamente, de grandes mudanças, invenções e criações radicais, mas de buscar pequenas melhorias, em um curto prazo que tornem o processo, como um todo, mais eficiente – a busca pela inovação incremental é preferível à inovação radical.

No contexto da administração jurídica estratégica e dentro de uma área de Operações Legais, o Kaizen pode usado para aprimorar processos, reduzir custos, eliminar desperdícios e aumentar a produtividade do setor jurídico.

O método Kaizen aplicado à gestão ensina as pessoas a utilizarem os recursos de forma eficiente, de modo a eliminar qualquer desperdício e fazer mais com menos.

De forma prática, o método Kaizen:

  1. Estabelece metas alcançáveis focadas sempre na melhoria do processo e no resultado do negócio – metas de melhoria dos fluxos de trabalho (metas de direção) e de atingimento dos objetivos estratégicos (metas crucialmente importantes);
  2. cria uma cultura de melhoria contínua dentro das organizações, de forma que a ideia de otimização faça parte do dia a dia de cada colaborador – uma das principais ideias do Kaizen, e que foi absorvida pela metodologia Lean Manufacturing é o combate ao desperdício;
  3. cria a ideia de gestão colaborativa, na qual a troca e o desenvolvimento do conhecimento entre as pessoas é incentivado, de modo a garantir que todos estejam alinhados com os objetivos do negócio e com a metodologia de gestão – a chamada gestão do conhecimento;
  4. permitir uma gestão dinâmica, focada na melhoria contínua, criando nos gestores uma constante observação dos processos produtivos, de modo que saibam e percebam o momento certo de eliminar, reduzir ou alterar uma atividade dentro da empresa – não há nada mais improdutivo e que gera desperdício do que executar com maestria uma tarefa que não apresenta mais resultados ótimos.

 

O método Kaizen é, acima de tudo, uma mudança cultural e por isso precisa ser compreendido no contexto de seu surgimento para que sejam entendidos os motivos de sua criação e, assim, permitir sua implantação e treinamento.

Trata-se de um método simples, com ideias práticas, mas que precisa ser abraçado por todos da organização pelo fato de ter como ponto de partida a premissa de uma gestão colaborativa, na qual o indivíduo é parte fundamental do sucesso do todo.

Grandes empresas japonesas se tornaram expoentes de inovação, eficiência e excelência aplicando o método Kaizen como cultura empresarial em todos os âmbitos e setores da empresa, como a Honda e a Toyota – o toyotismo e método de produção Kanban inspira-se muito na filosofia Kaizen.

Combater o desperdício, otimizar a produção de forma contínua e gradual, buscando sempre realizar mais com menos e envolver todos os colaboradores nesse processo mental são as principais ideias que o Kaizen traz para uma gestão jurídica estratégica, a qual se alinha aos principais objetivos da empresa.

 

 

 

 

 

 

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