Por Luís Gustavo Potrick Duarte
Pós-graduado em Direito Público
Pós-Graduado em Gestão de Negócios, com Foco em Competências Comportamentais
Professor parceiro, na Future Law
Gerente de Operações Legais, na INFRAERO
gustavopotrick@gmail.com
Um gestor jurídico se depara, diariamente, com um gama de situações e problemas que precisam de sua atenção e atuação para solução.
Assim, desenvolver uma mentalidade de crescimento para a solução de problemas é muito importante, pois permitirá a absorção de novos conhecimentos e ferramentas que permitirão a resolução dos problemas de forma mais ágil e adequada.
Uma das ferramentas que uma mentalidade de crescimento proporciona é o strategic thinking – pensamento estratégico. Trata-se de uma abordagem de solução de problemas, a qual reúne uma forma de pensar e analisar os fatos de forma racional, convergente e focada na análise de dados, presentes, com processos mentais mais criativos e abstratos orientados para o futuro.
O pensamento estratégico visa identificar, imaginar e entender os cenários alternativos futuros, possíveis e plausíveis para sua organização – análises preditiva e prescritiva – de modo a usar a análise e as informações obtidas em conjunto com a análise dos dados e informações que já estão disponíveis – análise descritiva. A junção permite a criação de um plano de ação que, além de solucionar os problemas apresentados no presente irá permitir a criação de soluções replicáveis no futuro – controles internos – que sejam aptas a enfrentar os desafios e eventos de risco futuros.
Tal mentalidade permite que os gestores, em seu meio organizacional, consigam entender e executar ações estratégicas em um ambiente cada vez mais complexo, ambíguo e competitivo.
O desenvolvimento e a prática de uma mentalidade voltada para o pensamento estratégico – strategic thinking – se torna uma etapa de pensamento importante, anterior ao processo para a tomada de decisões estratégicas. Além de servir como base de fornecimento de dados e informações cruciais que permite melhor compreensão sobre as ameaças, oportunidades, forças e fraquezas da organização e, assim, permite a criação de um processo decisório que considera os fatos e problemas atuais, sem desconsiderar as probabilidades e possibilidades futuras.
Quando se faz uma análise preditiva dos possíveis cenários futuros é preciso entender sobre o principal negócio da organização e como as áreas da empresa atuam para concretizá-lo, de modo que essas atuações estejam alinhadas com à visão da empresa – a posição mercadológica a qual a empresa espera e deseja atingir em um período variável (3 a 5 anos, por exemplo). É preciso entender, inicialmente, se o caminho escolhido e o qual está sendo seguido é o correto, para só então analisar as ameaças e oportunidades futuras.
A averiguação detalhada dos cenários permitirá que o estudo das ameaças e oportunidades seja realizado de acordo com a estratégia pensada para a visão do negócio, tornando possível a realização da análise prescritiva, a qual permitirá o desenvolvimento de planos de ação voltados à adoção das melhores práticas a serem usadas nesses cenários. Assim, conhecendo plenamente o principal negócio da empresa – a missão da organização –, sabendo materializar e fortalecer o empreendimento nos próximos anos e de posse de planos de ações que me permitirão adotar as melhores práticas para concretização da visão do negócio é possível, com a análise de dados e informações presentes, desenvolver um processo de tomada de decisões que não só solucionará o problema atual, mas estará alinhado com a estratégia e formas de atuação futuras da organização.
Essa forma de pensar gera previsibilidade e segurança para todos os envolvidos no processo de tomada de decisões, na medida em que, antevendo cenários futuros, desde já, alinha-se e padroniza-se a forma de atuação. Com isso, não há mudanças abruptas de direção e ações imprevisíveis, as quais provocam um efeito surpresa negativo.
No âmbito jurídico, o pensamento estratégico – strategic thinking – pode auxiliar numa melhor compreensão das dores da organização, como um todo e como a atuação jurídica pode atenuar e resolver essas dores, uma vez que o jurídico precisa conhecer e entender a missão e a visão da organização.
Tal forma de pensar permitirá ao gestor jurídico pensar o processo de tomada de decisões com um olhar de “fora para dentro”, ou seja, analisando os cenários externos e futuros da organização e só após compreender como as atividades das demais áreas da organização podem influenciar na formulação desses cenários, desenvolver planos de ações internos, por exemplo: adotar novas teses de defesa processual; incentivar ou não a formulação de acordos judiciais e extrajudiciais; incentivar ou não a adoção de medidas alternativas de solução de conflitos, como a inclusão de cláusula de arbitragem nos contratos que permitirão à área jurídica atender a visão e os objetivos estratégicos da organização.