Por André Mansur Brandão
Um forte relato sobre os grandes obstáculos que se apresentam para os Advogados do Brasil nos próximos anos.
Meu nome é André Mansur Brandão. Sou advogado e administrador de empresas.
Não, isso não é uma síntese do meu currículo, mas um dos principais motivos pelo qual, após 22 anos de existência, nosso Escritório tornou-se um dos mais importantes do País.
Para entenderem melhor, vou adiantar o ponto que desejo mostrar:
ADVOGADOS NÃO SABEM GERENCIAR!
Claro que, com importantes exceções, que se transformaram nas principais Bancas jurídicas mais bem sucedidas do Brasil.
Empresas que, não somente sobrevivem, mas que seguem crescendo, apesar de todas as dificuldades que surgem.
O principal motivo de tal realidade é que a grande maioria dos estudantes de direito não pensa em advogar, mas em conseguirem uma das sonhadas e cobiçadas vagas em concursos de nível superior.
Sim, estudantes procuram o curso de direito, atraídos pelos concursos públicos que, de fato, oferecem vagas e remunerações muito atrativas.
São raros os advogados genuinamente vocacionados para o exercício da advocacia.
O segundo motivo, que deriva do primeiro, é a ausência de disciplinas de gestão de empresas nas grades e no currículo do curso de Direito, salvo raras exceções.
Não aprendemos a administrar, gerenciar, sequer somos apresentados a conceitos mínimos de como se funciona um escritório de advocacia, que, lamento informar, deve ser tratado exatamente como uma empresa, em todos os seus aspectos.
Dessa forma, assim que nos curamos da ressaca do dia seguinte à formatura, somos apresentados às cruéis realidades do livre mercado.
Que, no caso da advocacia, nem mesmo tão livre é, pois, somos limitados, o tempo todo, por estranhas regras de publicidade, impostas pela Ordem dos Advogados, que nos impedem divulgar nossos serviços, de forma clara e plena.
Tal conjugação de fatores cria um cenário propício ao genocídio de pequenos escritórios de advocacia, constituídos, muitas vezes, por profissionais de alta qualidade técnica, mas que não foram preparados para sobreviver em uma economia de mercado.
Ótimos advogados, que não conseguem sobreviver, simplesmente porque não possuem noções básicas de gestão, sequer sabendo como honrar o pagamento de seus custos e despesas mensais, e ainda investir em tecnologia, para tentarem competir com as Bancas jurídicas já solidificadas, que podem contratar gestores profissionais para atenderem suas áreas “não jurídicas”.
Um mercado que exige uma advocacia cada vez mais competente e tecnológica, que não se distancie da humanização do contato com o cliente.
Profissionais e empresas que possam lidar com o Poder Judiciário, de forma respeitosa, porém combativa, para que se reconheça a importância do advogado, não somente como uma retorica constitucional, mas como um dos pilares do alicerce da Justiça.
Esses são apenas alguns dos principais desafios que existem pela frente. Existem muito outros, e a cada dia, surgem novos, sem, contudo tirar que, ADVOGAR é a coisa mais incrível que aconteceu em minha vida, após ser pai.
Àqueles que forem, de verdade, vocacionados, convido-os a fazer esta viagem que escolhi exercer, há 22 anos.
Todavia, não se iludam. Não bastam noções de gestão e conhecimento técnico para ser bem-sucedido na profissão, seja como indivíduo, seja como empresa.
Somente a soma destes elementos com o caráter, a obstinação, com o senso de indignação diante da injustiça, podem nos proporcionar o prazer pleno no exercício deste sacramento que é a Advocacia.